O que tem a ver as licitações e o massacre em Realengo?

Como abordei em , as . E como tal, são meio para que o Estado atinja seus objetivos, atendam às demandas da sociedade. Mas você ainda deve estar se perguntando: e daí, o que tem a ver alho com bugalho? Se essa pergunta ainda não foi respondida, é porque provavelmente você ainda não conseguiu ligar os fatos.

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Nesses momentos trágicos é comum as pessoas começarem a apontar culpados e as falhas sistêmicas que ocasionaram aquele evento. O Presidente da Câmara dos Deputados disse, em entrevista à Globo, ser preciso analisar e formular políticas a fim de evitar tais episódios; o Sarney, que era triste, pois não estamos acostumados com essa situação. E o que eles estão fazendo lá desde 1988? Quem está acostumado a isso, os americanos? Duvido muito (só um desabafo).

Voltando à resposta para a pergunta título do artigo: sabe o que é o efeito borboleta?

clip_image004Efeito borboleta é um termo que se refere às condições iniciais dentro da teoria do caos. Este efeito foi analisado pela primeira vez em 1963 por Edward Lorenz. Segundo a cultura popular, a teoria apresentada, o bater de asas de uma simples borboleta poderia influenciar o curso natural das coisas e, assim, talvez provocar um tufão do outro lado do mundo. Porém isso se mostra apenas como uma interpretação alegórica do fato. O que acontece é que quando movimentos caóticos são analisados através de gráficos, sua representação passa de aleatória para padronizada depois de uma série de marcações onde o gráfico depois de analisado passa a ter o formato de borboleta. (fonte: Wikipedia)

Pois bem, vamos esquecer um pouco a corrupção existente em todas as classes: sociais, profissionais, educacionais… Quando os recursos destinados à execução de programas de trabalho são bem aplicados, não só os resultados aparecem, como sobram recursos para aplicar em outras áreas, como a educação, a saúde e o bem estar social.

Assim, licitações mal realizadas, contratos mal fiscalizados e mal executados geram desperdício e contribuem, em algum grau, para a ocorrência de tragédias. Pois, talvez, se houvesse professores bem remunerados, mais bem qualificados e instruídos, tivesse sido dada mais atenção ao então adolescente, estudante do ensino fundamental na Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, Wellington Menezes de Oliveira. No dia 6 de abril de 2011, ele invadiu sua ex-escola e abriu fogo contra os alunos, deixando doze crianças mortas e quase trinta feridos.

Não estou querendo apontar culpados. Estou apenas dizendo que todas as grandes tragédias ocorridas no nosso país, enchentes, desabamentos, incêndios, e até mesmo esse massacre, poderiam, ao menos, ter suas consequências diminuídas caso os recursos destinados a aplicação das políticas públicas fossem bem empregados.

Como gestores públicos, temos sempre que ter em mente, antes de realizar qualquer ato, se a aplicação de um recurso está atingindo seu objetivo, se estamos construindo um hospital, que consumirá ainda mais recursos, para atender à população ou nosso ego, se a compra de um determinado equipamento é a melhor opção para solucionar um problema ou apenas a forma mais cômoda. Pois, com certeza, ao utilizarmos esses recursos, outros projetos serão engavetados.

clip_image006Um exemplo do que estou falando é a recente decisão do STF sobre a fixação do piso salarial dos professores, que em 2008 propuseram míseros R$ 1.187,97. O Estado do Rio Grande do Sul disse que não tem dinheiro para pagar e quer negociar com a classe a fim de parcelar. Ora, quem se lembra do escândalo dos radares mostrado pelo Fantástico? A reportagem indica um faturamento anual da indústria das multas de R$ 2 bi. Faça a ligação agora!

Sei que é difícil, mas esqueça a corrupção, tente pensar que, muitos desses gestores, talvez, não direcionaram editais por má fé, mas por não terem qualificação para gerir tais recursos. Agora o governo não tem dinheiro para pagar aos professores, mas para gastar com contratos sem fundamento tinha!?

Era essa a mensagem que eu queria passar. Todos nós, gestores públicos, somos também responsáveis, de alguma forma quando não zelamos pelo patrimônio público, pela situação trágica que enfrentamos: população sem educação, sistema de saúde falido, cidades violentas, custo de vida cada vez mais alto.

Por fim, deixo para reflexão uma passagem do Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo XIII, 4, os infortúnios ocultos:

Nas grandes calamidades, a caridade se emociona e observam-se impulsos generosos, no sentido de reparar os desastres. Mas, a par desses desastres gerais, há milhares de desastres particulares, que passam despercebidos: os dos que jazem sobre um gabrato sem se queixarem. Esses infortúnios discretos e ocultos são os que a verdadeira generosidade sabe descobrir, sem esperar que peçam assistência.

2 comentários:

Unknown disse...

Muito bom! A mídia culpa o agressor exclusivamente pelo ato, mas todos são culpados indiretamente.

Adrimar disse...

Agora, pegue e ligue tudo isso ao nosso sistema político. Faz algum sentido se gastar tanto em campanhas políticas? E pior, querem o financiamento público, mais dinheiro que poderia ser usado para pagar professores, por exemplo. Mais um motivo para nos engajarmos na campanha pelo voto distrital, que tem como reflexos a diminuição de gastos dos candidatos.
Outro forma de ajudar, seria limitar o uso de agências de publicidade no horário político. Não faz sentido algum se gastar milhões em progrmas eleitorais que apenas escondem o real candidato e mostram para a sociedade uma realidade falsa que está matando a política. Se nada for feito, mais dinheiro de impostos sumirá no ralo.

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